4°| 18/04/2012, quarta-feira @ Wanee Festival
Acordamos, arrumamos toda tralha de acamps que havíamos
adquirido, enchemos o estiropor de gelo, comemos um café da manhã bem meia boca
no hotel e fomos em direção a cidade de Live Oak.
Só pra situar a pilha do Wanee (se fala “U-ã-ni”), e tentarei fazer de um jeito resumido.
A viagem foi planejada em cima da data desse festival. O
Wanee é o festival supremo do Allman Brothers Band e seus amigos. Acampamento e
muita música. O Allman é a banda que sempre fecha as duas noites principais.
Ainda tem shows das bandas dos membros da banda, tipo do Gov’t Mule, banda do
Warren Haynes (guitarrista e vocal da banda), Tedeschi Trucks Band, banda do
Derek Trucks e do Oteil Burbridge (respectivamente guitarrista e baixista da
banda), Devon Allman’s Honeytribe (banda do filho do Gregg Allman), e por aí
vai. Tudo entre amigos e familiares. Eu sempre li, vi e ouvi coisas sobre o
Wanee e coloquei como objetivo de vida ir até lá conferir.
Desde 2009 quis ir, mas por um motivo ou outro nunca
consegui, e em 2012 não tinha erro. Tive a sorte da Gabi e da Thais terem
pilhado, e muito, na ideia e foram pra lá comigo.
Bom, a viagem de Jacksonville pro Spirit of Suwannee (sítio
em Live Oak que rola o festival) foi rápida, uma hora e meia. A estrada é
perfeita. Bastante movimento, mas todo mundo andando bem e respeitando as
pistas. O limite de velocidade é 75 mph, mais ou menos, 120 km/h. E como não
tem radar...
O festival começa na quinta-feira, e tem na sexta e sábado
seus dias mais fortes. Recebemos o conselho pra ir na quarta-feira para
conseguir um lugar melhor no acampamento. Chegamos lá no Spirit of Suwannee e
fomos buscar nossas pulseiras, mapas, liberação pro carro e essas coisas. O
movimento era tranquilo. Valeu ter seguido o conselho.
Chegando |
Tudo pronto |
O lugar é fantástico e gigante. Já na entrada estávamos de
boca aberta e sorrindo feito crianças numa piscina de bolinhas. Ficamos lá 4
dias e não conseguimos ver tudo.
Próximo passo era achar o ponto de encontro.
História rápida.
Quando comprei nossos ingressos pro Wanee postei na página
de facebook do festival que iríamos representar o Brasil. Um cara comentou meu
post: “eu já represento há 5 anos”. Bom, resolvi falar com ele. Fernando Kaiser
o nome do vivente. Trocamos uma ideia e ficamos amigos de imediato. Ele é
brasileiro, de Curitiba, mas passou a adolescência aqui no BomFim, e mora na
Florida há 11 anos, e o mais importante, é colorado. Foi ele que nos deu a
barbada de chegar antes. E ele tava guardando lugar pra gente acampar na mesma
área que ele e a mulher dele, a Lida, estavam. Com os dias criamos uma amizade
muito bacana com os dois e melhoramos nosso inglês ao conversar com eles. A
Lida é americana e tentamos ao máximo só falar inglês pra não excluí-la de
nada, e pra praticar mesmo.
Encontramos com eles no ponto de encontro combinado, fomos para
o local do acampamento e nos assentamos. Tomamos um pau pra armar as novas
barracas, trocamos uma ideia, falamos sobre a vida, tomamos umas e fomos fazer
o almoço.
Visão geral da nossa parte do acamps ainda vazio |
Daqui já havíamos combinado de fazer dois “churras”. O Fernando
comprou a carne pra gente e depois rachamos. Essa primeira foi uma delas. Uma
alcatra já cortada em medalhões que já dava vontade de comer mesmo crua. Ele
manja muito de cozinhar, e tem uma grelha muito legal que tu cava um buraco na
areia, coloca carvão, taca-lhe fogo, e abre essa grelha em cima. Como se fosse
uma mesinha, só que com uma tela no lugar da base. Praticidade é apelido. Se
alcatra crua parecia boa, imagina ela assada. Pra acompanhar a Lida montou uma
saladona que também tava excelente.
Tempo nublado para chuvoso e carne no fogo |
Barriga cheia, era hora de fazer o reconhecimento do
gramado. Para tentar sintetizar o clima do Wanee, lá é a terra mágica dos
duendes felizes. O pessoal vai muito preparado pro acampamento, vários
motor-homes, carrinhos de golf (em sua maioria customizado de forma hippie),
churrasqueiras, mesas, enfim... os caras levam as casas pra lá. A maioria das
pessoas eram mais velhas, pareciam ter vivido em Woodstock. Muita gente usando
camisetas, calças, até meias tie dye. No geral usavam roupas e adornos pra
divertir o próximo. Óculos malucos, chapéus engraçados, e mais um monte de parafernália.
O mais importante de tudo, todos estavam sorrindo. Logo que saímos pra essa
caminhada uma hipponga nos olhos com um sorrisão e gritou: “Happy
Wanee”. Respondemos na hora a mesma coisa e quase chorou de tanta felicidade. Definitivamente estávamos no
lugar certo.
Gabi e eu |
Eu e Thais |
Como nas últimas edições do festival muita gente começou a
acampar mais cedo, eles colocaram 4 bandas pra tocar na quarta-feira, e
chamaram isso de Happy Hour do Wanee.
Os shows eram num palco diferente do que seria usado pro
resto do festival. Era uma cabana rodeada de árvores, conhecido também como
Engine Barn Stage. Era menor e numa áera pra menos gente.
Não ficamos o tempo inteiro na frente do palco assistindo os
shows, pois quarta seria o único dia pra ficar “passeando”. Então ficamos
rodeando pelas lochinhas, palcos, bares, etc.
Para comprar comida e bebida se comprava tickets conhecidos
como “Wanee Money”. A ceva custava 5 WM, tu podia escolher entre 5 tipos de
cerveja, e tinham diversas bancas espalhadas pela área dos shows. Um lanche
bacana tinha q investir uns 8 ou 9 WM. A “praça de alimentação” ficava entre os
dois palcos. Pro acampamento tu podia levar e beber o que quisesse, mas pra
área dos shows só se podia consumir o que comprasse lá. Bom constar que na área
dos shows havia vendedores ambulantes que gritavam “ICE COLD BEER”, e vendiam
ceva (Bud) de 16 onças, equivalente a nossa de 473ml, por 7 doletas.
Indicação pra compra de Wanee Money e algumas amostras |
Primeiro show foi da “Beebs & The Honeymakers”. A Beebs
é uma mulher que se veste com uma roupa bem diferente e parece uma boneca
maluca, e os Money Makers são a banda dela. O som é bacaninha, não me
agradou a ponto de procurar o disco, mas é um bom som pra uma festinha. Difícil rotular a banda, o melhor é ouvir.
Aqui um link pro clip deles.
Beebs and the Money Makers |
Depois tocou "Juke". Não levei muita fé porque o vocalista era
um baixinho marrento lutador de jiu-jitsu. Maldito pré-conceito. Em seguida
pensei, e se for um lutador de jiu-jitsu marrento, mas cantar pra caralho? Foi
mais ou menos o que rolou. O cara canta bem e toca muita harmônica. Banda bem
legal, rock com blues pegado.
Em seguida, show do “Flannel Church”, banda do Duane Trucks,
irmão mais novo do Derek Trucks. Mas este Trucks assim como seu tio, é
baterista. A expectativa era grande, afinal background familiar é o que não
falta. Mas o show não foi muito legal. Meio duro demais, não rolava aquele
groove esperado.
Por último, o show do “Cope”. Não fazíamos nem ideia de que
banda era essa, mas foi muito legal. Um rockão bem bacana, banda com vontade de
tocar, muito groove. Enquanto a banda tocava e fazia suas jams um artista
ficava no canto do palco pintando um duende. Muito bom.
Show do Cope. Detalhe pro teto da cabana |
Assim que escureceu já começou a rolar um “telão” muito
legal, que na hora do “Cope” por estar mais escuro ficou mais evidente. Eles
projetavam as imagens das bandas com efeito de raio x verde nas árvores que
ficavam na volta do palco, e alternavam com cenas do “Alice no País das
Maravilhas”. Por mais clichê que pareça, num momento como aquele era impossível
não cantar: “It’s getting better all the time”.
Imagem do batera nas árvores Obs.: câmera não faz milagre |
Depois disso era hora de voltar pra barraca e dar boa noite.
O dia seguinte prometia!
:^)
Começou bem
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